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REMINISCÊNCIAS

Geraldo Evilásio de Morais


PORQUE ME UFANO

Considerando que, conforme amplamente viralizado, 70% dos brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, não sabem ler nem escrever; considerando, ainda, que, dentre esses há pelo menos 60 milhões de adora-dores de jumento; considerando, mais, que, em aguda observação (pelos ditos e feitos), 99% dos políticos brasileiros são desonestos; considerando, finalmente, que, não apenas na internet, mas na mídia em geral transparece uma tremenda indolência mental quanto ao aprendizado da língua portuguesa, o jeito é aplicar o “laissezfaire” ao estilo da velha política:“deixar como está, pra ver como é que fica”. Mesmo porque, apesar de tudo, o brasileiro, em sua maioria, continua ufanista: acredita, piamente, que é o mais inteligente entre todos e que vive no melhor país do mundo.Sigamos, em homenagem a internautas e afins.

O verbo AGRADECER deixa de ser transitivo indireto quando o complemento verbal se referir a uma pessoa, como em: “Agradeceu aos pais o presente.” (Agradeceu-lhes o presente); “Agradeceu o favor ao desconhecido.” (Agradeceu-lhe o favor), daí descambando para: “Nesta oportunidade, caro amigo, quero agradecê-lo pelo honroso convite”. (“Agradecê -lo”, como se pessoa fosse assunto ou coisa). Agradecemos A ALGUÉM: Agradeceu ao vizinho pela gentileza. (Agradeceu-lhe pela gentileza). Ou agradecemos ALGUMA COISA: Recebeu a medalha, então, agradeceu-a ao treinador. (Agradeceu a medalha).Em razão da teimosia de certos “influencers”, a palavra MAIS passa a ser MAS, e MAS passa a ser MAIS, como no exemplo do neurótico inconformado: Dois MAS dois são quatro, MAIS eu tenho uma raiva!

Por decisão dos criadores do ECONOMÊS, ficam suprimidos dos textos os verbos PROVER, DISPOR, OFERECER, GARANTIR, PROPICIAR e outros de igual sentido, que serão substituídos por DISPONIBILIZAR, misto de sonoridade e pedantismo.Esquecida nos dicionários, MAQUINARIA hoje é só MAQUINÁRIO.Por enquanto não se sabe de quem foi a ideia de alterar a clareza do futuro dos verbos, como em “Responderei ainda hoje”, pela lerdeza inconvicta de “Estarei respondendo ainda hoje”. Ou em “Trabalharei pela aprovação do projeto em pauta” por “Estarei trabalhando pela aprovação do projeto em pauta”, fenômeno este contido naqueles 70% acima mencionados.

Consagre-se o hábito de iniciar frase com pronome oblíquo átono também na escrita, como nos exemplos: “Te amo muito”, “Lhes asseguro que há provas de sobra”, “Lhe avisarei assim que possível”, em oposição às formas corretas: Amo-te muito, Asseguro-lhes que há provas de sobra,Avisar-lhe-ei assim que possível.

Por falta de intervenção, o pretérito perfeito do verbo intervir, 3a pessoa do singular, mudou de INTERVEIO para INTERVIU.

A “estada” em hotéis e pousadas passa a se denominar “estadia”, muito embora a primeira tenha acomodação garantida em qualquer dicionário. ESTADA: permanência de uma pessoa em um lugar, hotel, pousada, residência… ESTADIA: permanência de um navio no porto, aviões em aeroportos, automóveis em residências, garagens, estacionamentos, aí incluídos trens etc.

E eis que o mau discípulo, após inúmeras agressões ao vernáculo, mal pôde se desculpar: “Foi mau”.
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